Na quinta-feira (13/03), a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais
sediou uma reunião para traçar estratégias de atuação conjunta em
defesa dos moradores das ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória.
Participaram do encontro as defensoras públicas Cryzthiane Andrade
Linhares e Mariana Massara, com atuação na Defensoria Especializada em
Direitos Humanos, Coletivos e Socioambientais (DPDH) e na Defensoria
Especializada de Segunda Instância – Cível, respectivamente ,
representantes das comunidades Rosa Leão, Esperança e Vitória; Cláudia
Amaral, pela Promotoria do Direitos Humanos; Bruno Cardoso,
representante do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CONEDH) e das
Brigadas Populares; Gilvander Luís, representante da Comissão Pastoral
da Terra; Adriano Ventura, vereador de Belo Horizonte e militantes do
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
Localizadas na região Norte de Belo Horizonte, próximo ao Município de
Santa Luzia, conhecida como Região do Isidoro, as três ocupações juntas
abrigam mais de cinco mil famílias. Os moradores, oriundos, em sua
maioria, de Belo Horizonte, Santa Luzia, Sabará e Vespasiano, ocuparam a
região em julho de 2013. A maior parte das ocupações ocorreu em imóvel
privado, mas também há muitos moradores ocupando imóvel de propriedade
do Município de Belo Horizonte, em área já classificada pelo Poder
Público como ZEIS (Zona Especial de Interesse Social).
Com o objetivo de garantir a permanência das famílias no local, até que
seja julgado o mérito das ações possessórias ajuizadas pelos
proprietários, a DPDH interpôs quatro agravos de instrumento. No
entanto, a 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
(TJMG), por maioria, negou provimento aos quatro agravos. A
desembargadora Sandra Fonseca divergiu do voto dos outros dois
desembargadores, julgando pelo provimento dos Agravos de Instrumento.
Dessas decisões, a defensora pública Mariana Massara opôs Embargos de
Declaração.
Paralelamente à atuação judicial, a DPDH tem atuado extrajudicialmente
no intuito de obter uma solução pacífica para o conflito fundiário
urbano existente, de forma que não haja o despejo dessas famílias pela
Polícia Militar, evitando-se os graves danos sociais que o cumprimento
dessa decisão liminar ensejará. Várias reuniões já foram realizadas com a
participação de representantes do governo do Estado, do Município de
Belo Horizonte, da Polícia Militar, do Judiciário, do Ministério
Público, do Ministério das Cidades, da Defensoria Pública e dos líderes
comunitários.
Durante essa última reunião realizada na DPMG, os moradores reportaram
falhas na realização do cadastro social promovido pelo Município de Belo
Horizonte, no dia 19 de fevereiro, em cumprimento da determinação do
juízo da 5a Vara da Fazenda Pública Municipal. Segundo eles,
aproximadamente 2600 famílias deixaram de ser cadastradas, uma vez que o
cadastro aconteceu em um único dia, em horário comercial e sem aviso
prévio aos moradores.
Segundo a defensora pública Cryzthiane Linhares, muitas famílias já são
cadastradas no Programa Minha Casa Minha Vida, faixa 1, e estão
aguardando o acesso à política pública habitacional. A defensora
ressaltou ainda que a demora na realização de programas de construção de
moradias para a população de baixa renda na Região Metropolitana, seja
pelos Municípios vizinhos a Belo Horizonte seja pelo Estado de Minas
Gerais, potencializou o deficit habitacional.
Na quinta-feira (21/03), a DPMG participou de nova reunião para a
construção da solução do conflito, na Cidade Administrativa de Minas
Gerais. A reunião contou com a presença da defensora pública geral,
Andréa Abritta Garzon, da chefe de gabinete da DPMG, Christiane Neves
Procópio Malard, e da defensora pública Cryzthiane Linhares.
Participaram também representantes do Ministério das Cidades, do MPE,
da Seds, do Poder Judiciário, do CNJ, da secretaria de Estado de Casa
Civil e de Relações Institucionais, da PMMG, da CMBH, da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente de Santa Luzia, da Secretaria de Governo, dos
Arquitetos sem Fronteiras, da secretaria de Estado de Desenvolvimento
Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana, da PBH, da ALMG, da
Prefeitura de Contagem, da Secretaria de Agricultura e das empresas
Direcional, Portela e Lima e RNC Advogados, além de representantes das
ocupações.
Durante a reunião foi deliberado que haverá novo recadastramento por
determinação judicial, com convite para acompanhamento para a Defensoria
Pública, MPE, OAB, Sedese, TJMG, representantes dos movimentos sociais.
O recadastramento deverá ser realizado no prazo de até 20 dias. Após
esse prazo, será agendada nova reunião. Ficou acordado também o
comprometimento dos movimentos sociais para impedir expansão nas
ocupações e que os referidos movimentos já cadastrados no Ministério das
Cidades farão articulação com o mesmo para obtenção de recursos do
Programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades.
Fonte: Ascom / DPMG
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